Nota do blog: A seguir inicia-se a publicação do documento Estado e Revolução (1917) de V. I. Lenin. Esta obra de fundamental importância será repartida em, pelo menos, cinco ou seis, publicadas separadamente.
Nelas, Lenin dará combate implacável ao imperialismo e à reação no político e ideológico, reforçando o caráter de classe do Estado moderno, seu papel de ser um instrumento da opressão e exploração das massas trabalhadoras e, além disso, reconhecer que, sendo o Estado burguês a violência organizada e sistemática, só é possível se livrar da exploração e opressão burguesas despejando, antes, a violência organizada das massas contra esse Estado, destruindo-o, e não contemporizando ou flertando com uma suposta via pacífica ou de “conquista” do mesmo.
Aqui, também, Lenin combate inseparavelmente o revisionismo de Bernstein e Kautsky, e de tantos outros, que negligenciam o marxismo naquilo que podemos afirmar ser sua alma: o seu caráter revolucionário. Ainda, Lenin combate como às concepções anarquistas que concebem o trânsito da sociedade capitalista a um mundo sem classes sem reconhecer a necessidade de um período de transição, cujo conteúdo é uma ditadura do proletariado, sendo este um processo complexo no qual seguem existindo vestígios, resquícios, cicatrizes da velha sociedade, em supressão, no rumo do luminoso comunismo.
Prefácio da Primeira Edição
A questão do Estado assume, em nossos dias, particular importância, tanto do ponto de vista teórico como do ponto de vista política prática. A guerra imperialista acelerou e avivou ao mais alto grau o processo de transformação do capitalismo monopolizador em capitalismo monopolizador de Estado. A monstruosa escravização dos trabalhadores pelo Estado, que se une cada vez mais estreitamente aos onipotentes sindicatos capitalistas, atinge proporções cada vez maiores. Os países mais adiantados se transformam (referimo-nos à “retaguarda” desses países) em presídios militares para os trabalhadores.
Os inauditos horrores e o flagelo de uma guerra interminável tornam intolerável a situação das massas e aumentam a sua indignação. A revolução proletária universal está em maturação e a questão das suas relações com o Estado adquire, praticamente, um caráter de atualidade.
Os elementos de oportunismo, acumulados durante dezenas de anos de relativa paz criaram a corrente de social-patriotismo que predomina nos partidos socialistas oficiais do mundo inteiro. Essa corrente (Plekhanov, Potressov, Brechkovskaia, Rubanovitch e, depois, sob uma forma ligeiramente velada, os srs. Tseretelli, Tchernov & Cia., na Rússia; Scheidemann, Legien, David e outros, na Alemanha; Renaudel, Guesde, Vandervelde, na França e na Bélgica, Hyndman e os Fabianos, na Inglaterra etc., etc. essa corrente, socialista em palavras, mas patrioteira em ação, se caracteriza por uma baixa e servil adaptação dos “chefes socialistas” aos interesses não só de ”sua” própria burguesia nacional, como também do “seu” próprio Estado, pois a maior parte das chamadas grandes potências exploram e escravizam, há muito tempo, várias nacionalidades pequenas e fracas. Ora, a guerra imperialista não tem outra coisa em vista sendo a partilha, a divisão dessa espécie de despojo. A luta das massas trabalhadoras, para se libertarem da influência da burguesia em geral e da burguesia imperialista em particular, é impossível sem uma luta contra os preconceitos oportunistas em relação ao “Estado”.
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