Carta do Partido Comunista do Brasil (Fraçao Vermelha) ao Partido Comunista (maoista) do Afeganistão

Proletários de todos os países, uni-vos!

24 de junho de 2020

Ao Partido Comunista (maoista) do Afeganistão,

Camaradas,

O Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (Fração Vermelha), se dirige ao Comitê Central do Partido Comunista (maoista) do Afeganistão, a todos seus dirigentes, quadros e militantes, ao proletariado e massas oprimidas que lutam sob sua direção, para manifestar nosso profundo e fraternal pesar pelo falecimento do camarada Zia.

Como presidente e fundador do Partido Comunista (maoista) do Afeganistão, o camarada Zia teve um papel fundamental para o movimento revolucionário proletário no Afeganistão e destacou-se como uma figura proeminente para o Movimento Comunista Internacional, participando ativamente em todas as batalhas ideológica e políticas fundamentais do Movimento Comunista Internacional.

O MCI não pode avançar sem uma luta de duas linhas franca e aberta por unificar-se em torno dos princípios fundamentais do marxismo-leninismo-maoismo, contra o revisionismo e todo oportunismo. Aqueles que querem obstaculizar a luta de duas linhas aberta, franca e organizada em nome da “unidade”, como bem advertia o grande Lenin sobre os que levantam a bandeira da unidade para, na prática, sabotar a unidade, a unidade verdadeira.

A luta de duas linhas no Movimento Comunista Internacional está se elevando a um novo patamar. Nestas batalhas recentes, nossos partidos, enquanto partidos comunistas irmãos, assumiram posições contrárias em torno de uma série de questões de princípios, sobre as quais começamos a desenvolver uma luta franca e aberta, com o objetivo de conquistar a verdadeira unidade de princípios no Movimento Comunista Internacional. Nesta luta acreditamos que o camarada Zia e seu partido, desde uma posição oposta a nossa, foram e são partidários da unidade baseada nos princípios, e seu exemplo deve ser seguido.

Sua morte prematura, no momento em que os comunistas em todo mundo avançam na luta por realizar uma Conferência Internacional Maoista Unificada e fundar uma Nova Organização Internacional do Proletariado, é um importante prejuízo para o Movimento Comunista Internacional.

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O papel do imperialismo ianque como superpotência hegemônica única e o FED, a única fonte de liquidez global (Associação de Nova Democracia Nuevo Peru, 2020)

01/06/2020

A crise geral do imperialismo, que é a última etapa do capitalismo, se desenvolve em meio a todo tipo de crises, em meio de uma série complexa de guerras, pandemias, desastres de toda natureza e está sendo varrido pela guerra popular que começou em 1980, no Peru, e nos leva à guerra popular mundial para enterrar o imperialismo.

Dentro de sua crise geral atravessada por uma nova crise econômica cíclica, de superprodução relativa (em que pese a necessidade insatisfeita de imensas massas humanas e da abundância de imensas mercadorias necessárias para satisfazê-las, as grandes massas não podem consumi-las porque não têm a renda para fazê-lo, essas necessidades não se concretizam em demanda solvente, consequência da superprodução de mercadorias que há que destruir – crises – para alcançar o equilíbrio e começar de novo, sempre de mais abaixo).

Esta crise se dá em todos os planos, não somente no econômico, eles mesmos confessam, como poderão ler mais abaixo; esta nova crise cíclica é mais funda e profunda e arrasta o imperialismo a uma mais ampla e profunda crise política, demonstrando que eles já não podem seguir governando como antes e que as massas não estão dispostas a seguir vivendo como até agora. Compromete tanto sua ordem internacional como nacional; as velhas alianças imperialistas perdem vigência e o imperialismo ianque se mostra mais prepotente que nunca. Trump, em sua condição de máximo representante do mesmo, expressa como ninguém tal condição. Os representantes do Partido Democrata, os revisionistas como Avakian, simpatizantes dos democratas em todo o mundo, oportunistas e revisionistas consideram que Trump não é um digno representante do imperialismo, mas ninguém como ele interpreta melhor o papel neste momento. A crise atual, em um nível mais significativo que a de dez anos atrás, é um novo marco no longo processo de afundamento do imperialismo.

A crise atual mostra quem é a superpotência hegemônica única. Assim, se vai afundando todo um sistema e mostrando que só serve para ser varrido pela guerra popular. O imperialismo é câncer. Os povos não necessitam dele.

Na crise iniciada em 2008, o imperialismo ianque, atuando na condição de superpotência hegemônica única forneceu liquidez aos demais países imperialistas, o que se vai repetir na atual crise do chamado “coronavírus”, mas em um nível que se considera vai ser o triplo da crise de 2008.

Documentamos o endividamento que foi referido em uma postagem anterior, para expandir o ciclo, logo a provisão de liquidez em 2008 e agora, além da colusão e pugna, sendo a colusão principal, e que a crise como a atual já estava anunciada, como também se pode ver nas citações abaixo:

“Mas o último episódio é sensivelmente brutal: uma superbolha de quase 60 anos inflada a base de crédito, de dívida, cada vez que o sistema financeiro se metia em problemas apareciam os bancos centrais com novas fórmulas para estimular a economia. Essa superbolha acabou escapando das mãos do sistema quando as inovações financeiras – subprime, derivados, CDO, CDS e demais jargãos impossíveis – se complicaram tanto que as autoridades já não pareciam capazes de calcular os riscos dos próprios bancos.” (NT: em finanças, empréstimos subprime é a concessão a pessoas que podem ter dificuldades em fazer o pagamento. As taxas de juros são altas e os prazos menos favoráveis, para compensar um risco maior de crédito. Muitos empréstimos subprime foram empacotados em títulos lastreados em hipotecas e, finalmente, foram inadimplentes, contribuindo para a crise financeira de 2008.)

Até que um dia essa magia se esfumaçou. A partir de setembro de 2008… “a relação incestuosa entre as autoridades e seus bancos acabou explodindo”, aponta Soros na tormenta financeira. O resultado foi a crise mais grave desde a IIª Guerra Mundial. E nesta crise, o imperialismo ianque, atuando em sua condição de superpotência hegemônica única, proveu de liquidez os demais países imperialistas, o que se vai repetir na atual crise, do chamado coronavírus, mas a um nível que se considera vai ser o triplo da crise de 2008. Ver que se dá em colusão e pugna, sendo a colusão principal, como se pode inferir na citação abaixo:

A tormenta perfeita durou até início de outubro de 2008: até que os ministros de Finanças do G7 e do G20 formularam um compromisso inequívoco para impedir a quebra das instituições financeiras sistêmicas. ‘Não mais Lehmans’, foi a consigna: em última instância, apesar do triunfo dos apóstolos do livre mercado, só a intervenção decisiva e globalmente coordenada dos governos e bancos centrais deteve o pânico. Apesar disso, os paradigmas mudaram pouco ou nada nas tempestuosas águas da política econômica: os sintagmas mágicos preferidos das autoridades na Europa eram, e são, austeridade expansiva (seja lá o que seja isso) e reformas estruturais. Os estadunidenses leram melhor Keynes e sobre política fiscal e foram mais audaciosos com a política monetária. A Europa sofreu muito mais: o BCE (Banco Central Europeu) chegou tarde e Berlin impôs uma camisa de força fiscal, que expandiu muito mais a crise.

(…) Foi uma crise de mil caras: financeira, econômica, social, de dívida, estadounidense, europeia, de emprego, política, migratória, de todo tipo. Para detê-la, os líderes mundiais prometeram pouco menos que uma refundação do capitalismo; a prioridade era encabrestar o sistema financeiro. (…) Não houve tal refundação: “O sistema financeiro atual é tão perigoso e frágil como o que levou à crise”, assegura Martin Hellwig, do ‘Instituto Max Planck’ (…) (Nota nossa: destaco esta parte do citado, porque demonstra como eles mesmos veem que não é só na base, senão abarca tudo o que corresponde a uma crise dentro da crise geral.)

E ao final do artigo aparecem duas advertências do que estava se revelando e que hoje estamos assistindo como crise do corona:

“Não creio que haja perigo iminente, mas me sinto incomodado: a regulamentação financeira não se reforçou o suficiente e a próxima crise está esperando, inquietante, em algum lugar”, adverte Paul De Grauwe, da London School of Economy/LSE (…)

Alguns dos grandes vilões destas crises foram os principais responsáveis dos bancos envolvidos (…), que deixaram um aviso aos navegantes: “Sei que ninguém quer escutar isto, menos ainda se for dito por mim, mas os ricos estão se tornando cada vez mais ricos e, de novo, o coração da economia está adoecendo. Sou um capitalista incondicional, mas sejamos justos: o capitalismo só funciona se a riqueza nasce na parte superior e depois se filtra para baixo. Se a riqueza não baixa haverá problemas.” (Nota nossa: cínicas palavras de um sujeito como este, que aponta a causa da superprodução relativa e a necessidade de encobrir a superexploração das classes para que tudo siga igual, porque o problema não está na distribuição, senão na produção, nas relações sociais de produção.)

(Recessão persistente: crônica dos 10 anos de crises que mudaram o mundo – O 15 de setembro de 2008 foi a versão moderna do ‘crash’ de 1929 e seus efeitos persistem. El País, Claudi Pérez, Twitter, 09/09/2018 – 13:25 CEST)

Com as seguintes citações documentamos os mesmos pontos, mas referidos à crise atual:

“Quando as linhas chinesas de abastecimento se interromperam, no final de fevereiro, devido às paralisações que tentavam deter a propagação do coronavírus, as empresas e instituições financeiras de todo o mundo começaram a ter problemas para obter recurso. Em resposta, as empresas venderam ativos, como ações, e os bancos começaram a restringir os empréstimos. Como todos tentaram vender tudo de uma vez, os preços tiveram um colapso, o que exigiu mais vendas e causou novas quedas de preços. Durante as três semanas posteriores, os mercados bursáteis (de bolsas de valores) de todo o mundo perderam entre 20 a 30% de seu valor e as moedas colapsaram quando todos, em todo o mundo, venderam tudo a troco de dólares. Com efeito, isto foi uma queda repentina no mundo, entre a queda de Bear Stearns, na primavera de 2008, e a quebra de Lehman Brothers. Em 2008, a crise foi chamada de uma “crise creditícia”. Em geral, se chama de “armadilha de liquidez” [“liquidity trap”]. E nunca houve uma corrida global por dólares tão rápida e na escala da “armadilha de liquidez” como na crise do coronavirus.Em resposta, houve uma onda sem precedentes das atividades de políticas monetárias. Os bancos centrais de todo o mundo, especialmente o Federal Reserve Board (adiante, também chamado “FED”) (NT: Também traduzido como Sistema de Reserva Federal, esta é uma instituição estadunidense responsável pela supervisão do sistema bancário e pela definição da política monetária aplicada naquele país. Atua de maneira semelhante ao que o Banco Central faz no Brasil), interviu para apoiar principalmente a todos os mercados de crédito do planeta. Em 12 de março, o FED anunciou que havia posto a disposição 1,5 trilhões de dólares para o “mercado de compras de dívidas”, que é a principal fonte de crédito, a curto prazo, no sistema financeiro (Nota nossa: ‘compras de dívidas’, ‘retrovenda’, ‘comprar outra vez’, ‘adquirir novamente’, é a principal fonte de crédito a curto prazo no sistema financeiro. É uma operação na qual uma parte, geralmente um banco central, vende um título a um comprador que o devolve, tempos depois, por um preço mais alto). Inclusive, no mundo depois de 2008, de gigantescas intervenções dos bancos centrais, 1,5 trilhões de dólares é muito. O FED fez isso em um dia particularmente bom: sexta-feira 13.

Durante o fim de semana, o FED decidiu que a pandemia, declarada, oficialmente, na quarta-feira, dia 11 de março, havia empurrado os mercados financeiros a um território totalmente desconhecido. Reduziu as taxas de juros a zero, movendo-se em um só salto, quatro de suas passagens típicos de 0.25%, e anunciou que compraria 500 trilhões de dólares em valores do Tesouro (uma variedade de “dívida segura” do governo do Estados Unidos emitida pelo Departamento do Tesouro para diferentes períodos de duração) e 200 trilhões de dólares em valores garantidos por hipotecas. O FED reiniciou assim o programa de expansão quantitativa de 2011-2014 em escala imensa (Nota nossa: “Expansão quantitativa” ou “quantitative easing” é uma ferramenta de política monetária expansiva realizada pela via de compra massiva de ativos financeiros presentes no mercado, pelo Estado). A proposta era inundar os mercados financeiros com recursos, o mais rápido possível, para que os bancos pudessem seguir emprestando, os compradores de ações pudessem seguir comprando e as instituições pudessem seguir realizando seus pagamentos de dívida. A imprensa financeira, que gosta das metáforas militares, qualificou a proposta de “bazuca nuclear”.

O ataque nuclear fracassou. Quando os mercados reabriram na segunda-feira, 16 de março, todos os índices de Wall Street perderam, de imediato, em torno de 12 % de seu valor. Logo, o FED anunciou que compraria 1 trilhão de dólares de “papel comercial” [“commercial papper”], que é dívida corporativa não garantida a curto prazo. A lei da Reserva Federal exige que o FED não assuma riscos e somente troque recursos por ativos seguros, como os bônus do Tesouro, pelo que a decisão de compra de 1 trilhão de dólares, em algo relativamente arriscado como a dívida corporativa não garantida, seria surpreendente em qualquer outra circunstância.

O Banco Central Europeu anunciou seu próprio fundo de 750 trilhões de euros para comprar dívida comercial e governamental. Os bancos centrais de todo o mundo começaram a utilizar todos os meios disponíveis para injetar recursos em seus mercados financeiros. Para respaldar seus esforços, o FED deu a outros bancos centrais acesso a 450 trilhões de dólares em permutas de divisas [“swaps de divisas”], essencialmente, acesso a dólares no caso de que seus bancos tivessem que fazer pagamentos em dólares, ou seus bancos centrais tivessem que apoiar suas moedas com dólares. Para o dia 23 de março, o FED havia anunciado que faria tanta “expansão quantitativa” [ou “QE”, “quantitative easing”] quanto fosse necessário, para apoiar o sistema financeiro:expansão quantitativa infinita [QE Infinity] .

Parecia que o infinito era o preço necessário para estabilizar o sistema financeiro global. As ações se recuperaram e nenhuma instituição “sistemicamente importante” falhou, inclusive quando mais de 22 milhões de estadunidenses (uma cifra parcial refletida nos anúncios de seguro-desemprego) perderam seus empregos no pior colapso do mercado de trabalho registrado na história humana. A lei CARES [“Coronavirus Aid, Relief, and Economic Security Act”/ “Alívio e Segurança Econômica do Coronavirus”], de 2,2 trilhões de dólares, aprovada em 27 de março, contém 500 trilhões de dólares em empréstimos e garantias de empréstimo sob o controle de Steve Mnuchin, o Secretário do Tesouro, ex-executivo da Goldman Sachs e ex-CEO do depredador agiota hipotecário OneWest. (NT: CEO é a sigla de Chief Executive Officer, que significa ‘Diretor Executivo’. CEO é a pessoa com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização. É o responsável pelas estratégias da empresa, mas não são todas as empresas que têm uma pessoa no cargo de CEO.). Disso, 454 trilhões de dólares serão entregues ao ‘Fundo de Estabilização de Intercâmbio’ (“Exchange Stabilization Fund”) do FED, como garantia para que o FED possa outorgar empréstimos a empresas medianas.

(…)

É necessário contextualizar estes fundos para a resposta à crise desatada pelo coronavírus, no alcance mais amplo das mudanças em curso na estrutura das finanças globais, e as implicações correspondentes para pessoas reais com trabalhos reais. Muito antes de fevereiro, havia indícios de que os mercados de capitais estavam enfermos. O mercado de “compra de dívidas” se contraiu, abruptamente, em setembro de 2019, o que levou o FED de Nova York a oferecer 75 trilhões de dólares todos os dias, em fundos de vinte e quatro horas. No verão de 2019, a famosa “curva de cupom zero” (“yield curve”) do custo da dívida do Tesouro se inverteu, o que geralmente indica que os mercados financeiros esperam uma recessão iminente e, portanto, estão dispostos a pagar mais pelo acesso a uma dívida pública segura a curto prazo. Desde 2011, pelo menos, a acumulação de capital estava ocorrendo sobre a base da contínua expansão quantitativa e das baixas taxas de juros: um fluxo incessante de dinheiro barato, que fez com que, inclusive, entidades abertamente ridículas como WeWork (‘Nós Trabalhamos’) parecessem brevemente empresas multimilionárias. As corporações haviam usado, principalmente, esse recurso barato para recomprar suas próprias ações. As recompras alcançaram um máximo histórico em 2018, quando as corporações estadunidenses gastaram 1,09 trilhões de dólares na compra de suas próprias ações. O segundo nível mais alto foi em 2019 (as recompras de ações são excelentes para os acionistas: as empresas compram mais controle de si mesmas e aumentam os preços das ações, porque há menos ações em circulação e qualquer um que tenha essas ações se enriquece). (Nota nossa: isto é importante e esclarece porque economistas do mainstream (NT: tendêndia predominante) dizem que a bolsa não tem nada a ver com a economia real)

As grandes corporações também haviam estado ocupadas comprando entre si: os anos de 2018 e 2019 estabeleceram recordes para a atividade global de fusões e aquisições, o qual se desacelerou, abruptamente, em janeiro de 2020. Em 2018, as ações estadunidenses não mostraram ganhos no total e o jornal Financial Times informou que, essencialmente, todas as classes de ativos globais (“asset classes”) haviam perdido valor (Nota Nossa: “asset classes” é um grupo de instrumentos financeiros que têm características financeiras similares e se comportam de maneira similar no mercado). Os mercados financeiros não funcionaram como se supunha. Não estavam fazendo coincidir os poupadores com os necessitados de créditos para impulsionar o crescimento do emprego, a inovação, a concorrência e todas as demais características de uma economia capitalista. Um punhado de grandes corporações estavam utilizando o excesso de dinheiro barato do Governo para se tornarem ainda maiores, para comprar seus rivais e para enriquecer seus acionistas a um nível que eles mesmos pareciam crer que era insustentável e que estava a ponto de produzir uma recessão. (Nota nossa: crônica de uma morte anunciada, como sugere a declaração de 1º de Maio de 2020)

O sistema monetário depois de 2008 não era como os encarregados das políticas mundiais; haviam sido educados para administrar, com um conjunto de ferramentas que aprenderam a usar na longa era da hegemonia neoliberal, entre 1979 e 2007. Os bilhões de dólares de liquidez do banco central não produziam inflação. As baixas taxas de juros estavam perdendo força. Algo estava mal. Era claramente impossível continuar essa crise monetária de baixo nível para sempre, mas também resultava impossível fazer qualquer outra coisa. A pandemia aniquilou a maioria dos limites do possível. O Federal Reserve é agora a única fonte de liquidez global, proporcionando recurso não apenas para todos os mercados financeiros e de crédito do planeta, como também aos bancos centrais do mundo. Sua independência legal e seu isolamento da supervisão democrática ou de toda prestação de contas significa que pode atuar mais rápido e com mais enfoque que qualquer outra instituição de governo no planeta. A princípio, o Congresso do Estados Unidos é soberano e o FED é uma agência delegada, sujeita a muitas leis que restringem o que se pode fazer. Mas para que essa relação de poder funcione, o Congresso teria que funcionar e afirmar seu papel constitucional como um controle de outros ramos do governo. Sem dúvida, o Congresso não tem a capacidade e nem o interesse de fazê-lo, o que significa que, na prática, o Federal Reserve decide sobre exceções e normas e determina como atuar quando as instituições normais demonstrem serem incapazes. A crise de 2020 revelou o alcance do poder que foi acumulado desde 2008. Como Adam Tooze argumentou recentemente, a verdadeira localização da hegemonia global estadunidense não se encontra na Casa Branca, mas no Federal Reserve.

(“A soberania do FED”. Por: Trevor Jackson, Em termos de governo de crises, o Estados Unidos não é um país com um banco central. É um banco central com um país.
Fonte: Dissent Magazine, 16 de abril de 2020. Tradução e notas explicativas, por Héctor Testa Ferreira.)

Outra fonte para documentar sobre la hegemonia do imperialismo ianque nas finanças mundiais:

“Em março, quando a Europa e o Estados Unidos começaram a compreender a magnitude da pandemia do Covid-19, os investidores entraram em pânico. Os mercados financeiros desabaram. A derrota foi tão severa que em várias ocasiões, na segunda e terceira semanas de março, o funcionamento normal do mercado estava em dúvida. Os preços dos bônus do Tesouro do Estados Unidos, o último ativo seguro para os investidores de todo o mundo, se moveram violentamente na medida em que os administradores de fundos, lutando para obter recurso, vendiam tudo o que podiam vender. No mercado de divisas, através do qual normalmente circulam mais de 6 quadrilhões de dólares a cada dia, o trânsito foi em uma só direção: de todas as moedas do mundo para dólares. Nenhum mercado pode funcionar por muito tempo assim. A libra esterlina se destruiu. Inclusive, o ouro foi vendido. Esta não foi uma crise bancária como a de 2008, mas se não fosse pela espetacular intervenção realizada no Federal Reserve do Estados Unidos, o Banco da Inglaterra e o Banco Central Europeu estariam, agora, enfrentando não apenas os estragos da Covid-19 e as desastrosas consequências sociais e econômicas de fechamento, mas também um ataque cardíaco financeiro. Por outro lado, estamos experimentando uma onda expansiva de contração creditícia. A produção e o emprego reduziram-se drasticamente. Enormes programas de gastos públicos foram colocados em marcha, não para criar empregos, mas para sustentar a economia com apoio vital. O desafio não é meramente técnico. Esta é uma crise global, que afeta praticamente todas as comunidades do planeta. E revelou marcantes diferenças entre os principais blocos econômicos (NT: a expressão “bloco econômico” foi mantida como no texto original, mas se faz necessário um esclarecimento do autor sobre a razão dele ter usado a mesma no presente artigo, visto que ele não usa tal conceito), de modo que agora é mais difícil do que nunca entender como se encaixa, realmente, o que chamamos de economia mundial.

Os três grandes centros de produção, troca e atividade corporativa são Estados Unidos, China e a Eurozona. Estes centros econômicos estão unidos mediante fluxos de comércio, organizados através de complexas cadeias de abastecimento que abarcam todo o mundo. Cada um dos três centros tem uma zona de influência que se estende às regiões vizinhas da América Latina, Europa Central e Oriental, África e Ásia. Todos estão unidos a um sistema financeiro global, que utiliza o dólar estadunidense como moeda de comércio e crédito. Cada um dos três centros tem debilidades características. A preocupação sobre a China é a sustentabilidade de seu crescimento econômico impulsionado pela dívida. As debilidades básicas da Eurozona são que, todavia, não têm um respaldo para seu sistema bancário desvencilhado que carece de uma capacidade fiscal compartilhada. Além disso, as finanças da Itália são tão débeis que ameaçam, continuamente, alterar a solidariedade europeia. No Estados Unidos, as instituições nacionais de política econômica realmente funcionam: demonstraram isso em 2008 e estão fazendo isto novamente agora. O FED e o Tesouro exercem uma grande influência não apenas sobre a economia do Estados Unidos, mas sobre todo o sistema global. A pergunta é como se mantém, em relação a uma sociedade estadunidense profundamente dividida, e como seu estilo tecnocrático de formulação de políticas é recebido pela ala direita nacionalista sem falar no Partido Republicano e seu defensor na Casa Branca.

(…)

A crise confirma, uma vez mais, a posição do Federal Reserve no centro da governança econômica. Existe um novo mecanismo de cooperação entre o FED e o Tesouro, que pode absorver até 450 trilhões de dólares em perdas por empréstimos do FED. Dado que a maioria dos empréstimos serão reembolsados, isto proporciona ao FED um enorme poder de fogo. Mas, não pode abordar qual é realmente a força decisiva na crise, a saber, a epidemia. Menos de 10% dos gastos de estímulo é para o setor de saúde, sem dúvida, se necessita, desesperadamente, de fundos para reparar um sistema que, inclusive, quando se impulsiona mais além de sua capacidade máxima está ameaçado de um colapso financeiro. Os melhores hospitais do Estados Unidos são bons em medicina de alta tecnologia e em altos preços. Mas, combater o coronavírus requer uma supressão integral e um tratamento massivo dos transtornos respiratórios. Isso não é para o que está desenhado o sistema excessivamente burocrático do Estados Unidos. Estados como a Califórnia e cidades como Nova York são ricos e estão relativamente bem equipados para responder à emergência. Mas, os outros como Nova Orleans e Detroit, estão empobrecidos e golpeados, que recentemente escaparam da bancarrota. As pessoas recorrem a soluções próprias. Na medida que a pandemia explodiu em Nova York, o Upper East de Manhattan se esvaziou, enquanto os ricos fugiam para suas casas de praia ou propriedades rurais nas colinas do norte do estado. Nos estados vermelhos houve uma corrida às lojas de munições. Não é para matar o vírus: as postagens de Twitter do lobby de armas advertem sobre bandos errantes de prisioneiros libertados por governadores liberais, das prisões superlotadas e insalubres do Estados Unidos.

(…)

Continuaremos insistindo na colusão e pugna interimperialista, que é como se desenvolve esta contradição que ainda não é bem entendido por alguns.

(Postado por: Verein der Neuen Demokratie )

Peru: ‘A Guerra Popular é o caminho que seguiremos até o Comunismo!’ (MPP – CR)

Tradução não-oficial

Proletários de todos os países, uni-vos!

A Guerra Popular é o caminho que seguiremos até o Comunismo!

Movimento Popular Peru, órgão constituído pelo Partido para o trabalho externo.

Hoje celebramos com entusiasmo e elevado otimismo revolucionário o 40° Aniversário do início da Guerra Popular no Peru (Início da Luta Armada em 1980, ILA 80), dirigida pelo Partido Comunista do Peru (PCP), sob a Grande Chefatura do Presidente Gonzalo, dirigente do Partido e da revolução, a quem expressamos as nossas saudações e a nossa plena e incondicional sujeição, ao maior marxista-leninista-maoista vivo sobre a face da terra, professor dos comunistas, sucessor de Marx, Lenin e do Presidente Mao Tsetung, centro de unificação do Partido e garantia de triunfo que nos levará até o comunismo.

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China sob a pandemia da Covid-19 (Grupo marxista-leninista-maoista clandestino)

Tradução não-oficial do original publicado por New Epoch.

 

China – Sob a epidemia da Covid-19

28 de Maio

NOTA NEW EPOCH – A seguir publicamos um artigo sobre a sociedade chinesa sob a pandemia, que nos foi enviado por “um grupo marxista-leninista-maoísta clandestino na China”. Nos foi remetido com o pedido de publicação, por causa da dura condição de se fazê-lo sob a repressão recente na China e com a intenção de ajudar o movimento revolucionário internacional a compreender mais sobre a essência da China imperialista.


Em abril de 2020, enquanto a epidemia na maioria dos países ainda não foi efetivamente controlada, a epidemia na China tem estabilizado gradualmente. Assim, no período recente, as chamadas “conquistas chinesas”, o “caminho chinês”, o “modelo chinês” e outros termos, começa a tocar o tambor do imperialismo chinês, mas é realmente o chamado “sistema chinês” que permitiu à China sair à frente no controle à epidemia? E é, ainda, o espírito de “servir o povo” das autoridades chineses que acabou com a epidemia mais rápido? De fato, a superação da epidemia não pôde ser alcançada sem o comando das autoridades chinesas, mas podemos concluir daí que o sistema chinês tem vantagens ou mesmo que a classe dominante da China imperialista realmente serve o povo?

Não, nunca!

Para superar uma emergência pública de ordem maior, o quê um país precisa primeiro? É um sistema político? Obviamente que não, antes destes sistemas, ao menos deve haver ali suficiente e mobilizáveis força humana e recursos materiais. No momento, a China, como um país imperialista emergente, tem recursos abundantes em sua vasta terra; a China imperialista tem a maioria e os melhores trabalhadores do mundo e a sua maioria possui uma simplicidade e um sentimento patriótico e assim como uma faca de dois gumes os faz enganados pela burguesia; graças à construção da era socialista, a produção industrial da China imperialista figura no topo do ranking mundial, e há todos os tipos de linhas de produção de vários materiais. É o apoio de fortes forças materiais que permitirá à China ser liderança na saída da epidemia. Em contraste, em velhos países imperialistas como os EUA etc, devido à ganância do capital de multiplicar-se rapidamente, e por causa da taxa de mais-valia dos velhos países imperialistas ter decaído gravemente, o capital fluiu para o capital financeiro, o que levou à desindustrialização em larga escala, enquanto a manufatura foi realocada para o exterior. Como pode a força material ser mobilizada em tempo suficiente sob estas circunstâncias? A China ainda não passou por desindustrialização em larga escala, muito por causa da força de trabalho doméstica chinesa ainda ser barata o suficiente para sustentar as altas taxas de mais-valia dos capitalistas.

Pode o sistema político chinês ser afirmadamente positivo pelo melhor desempenho da China nessa epidemia? A resposta é obviamente que não. Desde o começo, os burocratas burgueses puniram o “vazamento” da epidemia como se fosse um rumor; posteriormente, conforme a epidemia continuou a expandir, eles murmuraram algumas palavras sobre [N.T.: o vírus] ser “prevenível e controlável”; no momento de atacar a epidemia, fizeram conluio com alguns capitalistas comerciais como esgotos mau cheirosos [N.T.: não está claro se seria empresas do ramo de saneamento ou se é um adjetivo pejorativo] para monopolizarem o fornecimento de alimentos para obterem superlucros enquanto forneciam mantimentos básicos aos residentes. Alguns tentaram quebrar o monopólio e foram pegos pela polícia, outros tentaram protestar, então a comunidade (tentáculo da burocracia burguesa que tem capilaridade) os retaliou levando as verduras em caminhões de lixo.

O que deve ser mencionado é que a Cruz Vermelha em Hubei desviou recursos e materiais, olvidou a hospitais públicos que faltavam material, e enviou muitos materiais para os líderes dos hospitais privados. Este fenômeno é tão aberto e descarado que as massas do povo não aguentaram mais. O povo, espontaneamente, organizou para completar a cadeia de suprimentos da manufatura aos hospitais, driblando a Cruz Vermelha, e aliviando a necessidade urgente dos hospitais públicos. A organização espontânea e o comportamento “anti-epidemia” do povo merece reconhecimento, mas essa valorosa atitude é tida como ilegal pela Cruz Vermelha de Hubei e certos departamentos de governo. Aparentemente [N.T.: tal atitude] não seria favorável a uma gerência unificada, mas na verdade, o que não favorece é que se leve propina aos bolsos dos burgueses burocratas.

Mas ainda haverá pessoas que não se convencerão, e dirão que o sistema de saúde da China jogara um papel importante [N.t.: no controle do vírus], de que o sistema público de saúde é também uma característica do sistema chinês. De fato, o sistema público de saúde legado pelo período socialista ainda não desapareceu completamente e os hospitais públicos ainda têm um papel importante. Mas, olhando para o problema, não podemos ver apenas o presente, mas também a tendência. Durante os anos, com a “reforma aprofundada” ou o retrocesso neo-liberal das autoridades imperialistas chinesas, tudo se move no sentido da privatização, e a indústria média não é exceção. O tipo de hospital de “Putian”* (na verdade, um tipo de hospital privado) que matou Wei Zexi brotaram salas de emergência como cogumelos na primavera [N.T.: No original se faz um trocadilho com ‘cogumelo na primavera’, no inglês, spring mushroom, com a palavra ‘rushroom’, que significa sala de emergência] nos últimos anos. Ao mesmo tempo, hospitais públicos foram violentamente espremidos. Tentando ganhar a confiança das pessoas, por outro lado, os recursos foram cortados ano a ano e talentos foram perdidos também ano a ano. Muitos médicos de hospitais públicos são forçados a irem para hospitais privados para sobreviverem. Mas, nessa epidemia, hospitais privados dificilmente jogaram qualquer papel positivo. Em adição, seguridade social e tratamento médico não são únicos na dita “China socialista”. A Grã-Bretanha tem o Sistema de Saúde Nacional (NHS), mas ninguém vai pensar que este é um país socialista. As pessoas que acham que o sistema de saúde pública chinês, por ter um papel importante, concluem que a China é um país socialista, obviamente não sabem o que é socialismo.

Obviamente, o alívio prematuro da epidemia simplesmente não prova a superioridade do sistema imperialista chinês. Usar o alívio prematuro da epidemia para demonstrar que o sistema imperialista chinês é fundamentalmente superior do que qualquer outro país imperialista é obviamente errado.

Portanto, a resposta positiva das autoridades imperialistas chinesas à epidemia é realmente derivada da ideia de servir o povo?

A vantagem relativa da China em combater a epidemia é que esta tem uma vantagem enquanto fábrica global, que é essencialmente poderosa na opressão impiedosa dos operários. O propósito das autoridades imperialistas chinesas em controlar a epidemia não era para “salvar o povo do desastre”, mas em manter a ordem da produção capitalista. Afinal, se os operários estivessem todos doentes, como a burguesia exploraria sua mais-valia?

Mais ainda, antes do alívio da epidemia, a burguesia imperialista chinesa não podia esperar em aumentar a intensidade da exploração e opressão. Os operários da construção do Hospital de Leishenshan e de Huoshenshan, que deram grande contribuição na luta contra a epidemia, ficaram não só sem pagamento, como também foram ainda mais espremidos sob a justificativa de despesas alimentares durante o isolamento, ao mesmo tempo, os salários que eram devidos foram reduzidos a 1% do nível original por deduções, alguns operários protestaram, mas o que foi negociado não foi mais do que repressão, porrete, interrogatórios e prisões; os bônus e outros rendimentos para operários de fábricas de equipamentos médicos foram também cancelados pelos patrões em nome de combater a epidemia; as médicas mulheres e enfermeiras que trabalharam duro para combater a epidemia foram usadas como peça de propaganda pelas autoridades chinesas e para demonstrar sacrifício, algumas enfermeiras foram obrigadas a rasparem a cabeça aos prantos, algumas equipes médicas de mulheres foram enviadas às áreas críticas de epidemia e forçadas a abrirem mão dos subsídios que mereciam; se por um lado, uma quantidade enorme de pessoal médico faz grandes esforços para combater a epidemia, de outro lado, recebem apenas salários-mínimos, mesmo esse mínimo ainda é incompleto.

Agora, no momento que a epidemia apenas amenizou mas ainda não foi completamente derrotada, a retomada do trabalho e da produção, ou a restauração da ordem de produção capitalista foi posta na agenda pelas autoridades imperialistas chinesas. Quando da promoção à retomada da produção, as autoridades imperialistas chinesas foram extremamente generosas com a burguesia, dando subsídios e empréstimos com baixas taxas ou nenhuma taxa de juros, mas não proveram o auxílio necessário para os operários em crise. No máximo, deram uma migalha de pagamento. Um grupo operário de chineses marxistas registrou alguns fatos: O Ministro de Recursos Humanos e Seguridade Social (MRHSS) das autoridades, descaradamente, declarou que “as empresas poderão negociar redução de salários e atrasos”, “quando a produção for suspensa, as férias anuais dos operários serão descontadas”, e ao mesmo tempo, os infectados com a COVID-19 durante o trabalho não contarão como acidente de trabalho e, por isso, não poderão ser indenizados; a Foxxcon, um grupo gigante manufatureiro que absorveu bastante mão de obra barata, cortou incontáveis operários temporários em fábricas por todo lado; um conglomerado internacional chamado Hisense foi denunciado pelas demissões de dezenas de milhares de pessoas; em Shenzhen, um operário padrão foi espancado pela Chengguan (Delegacia de Oficiais da Agência de Segurança Administrativa Urbana) por nenhuma razão; a violência policial é rampante; a BYD, uma gigante fabricante de automóveis, está pagando um salário de 300 yuan por mês para muitos empregados, que é apenas o suficiente para três dias de comida nas cidades de primeira ou segunda ordem na China. Finalmente, de acordo com a análise particular de intelectuais progressistas, a taxa de desemprego na China hoje é aproximadamente 20%.

Os registros do grupo de operários marxistas e a análise dos intelectuais progressistas provam que o povo trabalhador está sofrendo dores sem precedentes, a classe operária está sofrendo violenta opressão, mas as autoridades estão ainda ocultando as dificuldades sofridas pela população, usando a repressão e propaganda mentirosa para criar uma cena harmônica que não existe. Os fatos acima relatados podem comprovar cabalmente que os gigantes tirânicos da burguesia monopolista das autoridades imperiais chinesas não servem ao povo de maneira nenhuma, mas sim aos interesses da burguesia.

Em adição, deve ser apontado que o povo chinês primeiro fez um grande sacrifício nessa epidemia. Por causa do vírus ter irrompido durante o tradicional Festival Chinês da Primavera, os operários das fábricas de equipamento médico que estavam de férias, alguns trabalhadores que construíram os hospitais de Huoshenshan e Leisehnshan, médicos e entregadores, além de outros incontáveis trabalhadores, abriram mão de estarem com suas famílias, abriram mão de férias, enfrentaram riscos de infecção e retornaram ao trabalho. Outras pessoas que não precisavam voltar ao trabalho urgentemente seguiram as orientações e ficaram em casa por dois meses sob a pressão de desemprego e corte salarial. Foram os sacrifícios imensos feitos pelo povo chinês que controlou a situação da epidemia. É esta a organização trazida pela simplicidade e sentimento patriótico do povo chinês, que mostra que o povo chinês pode se organizar muito bem. Os sacrifícios feitos pelo povo chinês para controlar a epidemia são dignos de reconhecimento. A organização demonstrada pelo povo chinês na epidemia mostra o enorme potencial revolucionário que possui.

Quando a simplicidade e o sentimento patriótico do povo chinês é transformado em espírito revolucionário do proletariado, o fim da China imperialista virá, o povo chinês com uma gloriosa tradição revolucionária se porá de pé uma vez mais e derrotará completamente a tirania autocrática da burguesia monopolista! Os chineses revolucionários trabalharão juntos e somarão esforços sob a guia do marxismo-leninismo-maoísmo, e alcançarão as massas continuamente. Que as massas organizem a revolução e eventualmente afunde os reacionários no vasto oceano da guerra popular!

(Escrito pelo grupo MLM clandestino na China)

Maio de 2020

*Putian é uma cidade no sul da China, famosa pela reputação de golpes e esquemas. Quando da restauração capitalista e da restauração da economia de mercado, muitos golpistas e trambiqueiros se concentraram em Putian, muitos enriqueceram nestes esquemas, organizaram quadrilhas de golpistas e charlatões. Uma parte destes entrou no ramo da medicina, que permitia o interesse privado. Com a restauração capitalista, setores de grandes hospitais foram privatizados, com isso empresas que nem sequer precisavam ser do ramo da Medicina, poderiam explorar comercialmente setores destes hospitais. Assim, muitas destas alugavam prédios e departamentos de hospitais conhecidos, atraindo pacientes, e no final os deixavam sem tratamento. Um caso que ganhou repercussão nacional foi o de Wei Zexi, que morreu de câncer e que se demonstrou, posteriormente, que este jamais recebera tratamento médico, em um destes esquemas, e que fora literalmente deixado para morrer. Hospitais “Putian” pagaram à monopolista de tecnologia Baidu (equivalente ao Google chinês) para alavancarem sua imagem na rede e mascarar o escândalo, mas não tendo sucesso, hoje “Putian” é sinônimo de golpe e charlatanismo.

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Declaração conjunta de organizações do Leste Europeu (maio de 2020)

Proletários de todos os países e povos oprimidos, uni-vos!

Abaixo o imperialismo: ladrão de emprego, saúde e salário!

“A lei do imperialismo é provocar distúrbios e fracassar, voltar a provocar distúrbios e fracassar de novo, tornar a provocar distúrbios até fracassar definitivamente (…) Por sua vez a lei do povo é lutar e fracassar, voltar a lutar e fracassar de novo, tornar a lutar até triunfar definitivamente”.

Presidente Mao Tsetung

A chamada “crise do corona” está exacerbando, velozmente, a crise econômica e política do capital: estado de emergência, toque de recolher, proibição de reuniões, milhares de mortes e massas desempregadas em um nível incomparável – problemas estes que estão, atualmente, determinando a vida de milhões. O imperialismo revela a si mesmo, ainda mais, a cada dia da “crise do corona”, como sendo “reação em qualquer parte”, como um ladrão de saúde, como um destruidor de milhares de forças de trabalho e vidas, como o principal inimigo da classe operária e das massas populares.

Enquanto no início da chamada “crise do corona” o esforço era de esconder e subestimar o perigo do vírus (Covid-19), de modo a garantir os lucros e não prejudicar o capital, os efeitos devastadores desta política sobre a saúde e vidas de centenas de milhares de pessoas estão começando a aparecer agora: existem, atualmente, quase dois milhões de pessoas infectadas em todo o mundo; perto de 110.000 pessoas que morreram em curto espaço de tempo e em torno de 100.000 novos casos que se somam aos outros a cada dia. Aqui é, claramente, revelado que as medidas para o “combate da crise” sustentam o selo das classes dominantes, porque aqueles que sofrem, aqueles que morrem com o Covid-19 são, principalmente, pessoas da classe operária e das mais baixas parcelas da sociedade. A burguesia da maioria dos países da Europa, especialmente os grandes imperialistas, têm agora adotado a campanha escandalosa e alarmista para legitimar cada restrição dos direitos democráticos e políticos, cada ataque sobre a situação econômica da classe operária e das massas populares.

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